A importância do exercício no Diabetes



O Diabetes Mellitus Tipo II é uma doença que acomete cerca de 246 milhões de pessoas em todo o mundo e vem aumentando sua incidência de maneira progressiva, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF). A principal característica desta doença é a relativa resistência periférica a ação da insulina, resultando em uma deficiência no controle da glicemia, que leva ao acúmulo de glicose no sangue. De acordo com a Organização Mundial de Saúde,
indivíduos são classificados como Diabéticos do Tipo II, se os níveis de glicose plasmática de jejum são iguais ou maiores que 7.0 mmol/l ou se 2 horas após um teste oral de tolerância a glicose (OGTT), a concentração plasmática de glicose atinge níveis maiores ou igual a 11 mmol/l. Atualmente, é bem estabelecido que importantes terapias para prevenir ou retardar o surgimento do Diabetes e da resistência a ação da insulina incluem: aumento dos níveis de atividade física diário e a redução com manutenção do peso corporal. Desta forma, intervenções no estilo de vida como a prática regular de exercícios físicos, com ou sem alteração no padrão alimentar e o uso de medicação para redução da glicose sanguínea, tem mostrado grande eficácia como estratégia terapêutica no tratamento do Diabetes Tipo II. A Associação Americana de Diabetes (ADA) recomenda que indivíduos com Diabetes Tipo II façam pelo menos 150 minutos de exercícios aeróbicos moderados, ou pelo menos 90 minutos de exercícios aeróbicos intensos, por semana; realizados pelo menos 3 vezes por semana; com intervalo inferior a 2 dias sem a prática de exercícios. Os exercícios aeróbicos têm mostrado, consistentemente, a melhora no controle da glicose; o aumento da sensibilidade à insulina, e a redução de fatores de risco cardiovascular (adiposidade visceral, perfil lipídico, endurecimento das artérias e função endotelial). No entanto, para muitos pacientes com Diabetes Tipo II, a presença das complicações do diabetes ou a coexistência de condições como a obesidade, artrite degenerativa ou doenças cardiovasculares, podem impossibilitar a participação em atividades aeróbicas. Neste contexto, o treinamento de força (musculação) tem sido reconhecido como uma ferramenta terapêutica para o tratamento de diversas doenças crônicas, como o diabetes, e tem mostrado ser seguro e eficaz para certos grupos de indivíduos. De maneira similar ao exercício aeróbico, a musculação também é capaz de aumentar a sensibilidade à insulina, aumentar o gasto energético diário e melhorar a qualidade de vida dos praticantes. Segundo a ADA, indivíduos com Diabetes Tipo II devem praticar musculação 3 vezes por semana com exercícios para todos os grandes grupos musculares. Um estudo realizado em 2004 mostrou que 6 semanas de exercícios de musculação com aumentos progressivos de intensidade, realizados 3 vezes por semana, aumentaram a atividade de proteínas chave pertencentes a via de sinalização da insulina, que resultou no aumento da disposição de glicose para os músculos. Considerando as evidências dos estudos envolvendo atividades físicas com diferentes características (musculação e exercício aeróbico), e seu papel na via de sinalização da insulina, podemos concluir que este tipo de intervenção é uma potente estratégia não farmacológica no combate aos problemas relacionados ao metabolismo da glicose em indivíduos com Diabetes do Tipo II, consequentemente, proporcionando uma melhor qualidade de vida para estes indivíduos.

REFERÊNCIAS:

Praet SF, van Loon LJ. Exercise therapy in type 2 diabetes. Acta Diabetol2009 Dec;46(4):263-78.
Alberti KG, Zimmet PZ. Definition, diagnosis and classification of diabetes mellitus and its complications. Part 1: diagnosis and classification of diabetes mellitus provisional report of a WHO consultation. Diabet Med1998 Jul;15(7):539-53.
Praet SF, van Loon LJ. Optimizing the therapeutic benefits of exercise in Type 2 diabetes. J Appl Physiol2007 Oct;103(4):1113-20.
Eves ND, Plotnikoff RC. Resistance training and type 2 diabetes: Considerations for implementation at the population level. Diabetes Care2006 Aug;29(8):1933-41.
Dunstan DW, Daly RM, Owen N, Jolley D, De Courten M, Shaw J, et al. High-intensity resistance training improves glycemic control in older patients with type 2 diabetes. Diabetes Care2002 Oct;25(10):1729-36.
Holten MK, Zacho M, Gaster M, Juel C, Wojtaszewski JF, Dela F. Strength training increases insulin-mediated glucose uptake, GLUT4 content, and insulin signaling in skeletal muscle in patients with type 2 diabetes. Diabetes2004 Feb;53(2):294-305.

4 comentários:

  1. Adorei o seu blog o titulo principalmente, aliando a nutrição a atividade fisica para uma boa saúde. Peço que em algum post vc se dedique a falar um pouco da nutrição e exercicio (musculação) no emagrecimento por favor!!!! Obrigada!

    ResponderExcluir
  2. Gostei do assunto desta postagem, pois tenho familiares com diabetes e sei o quanto é difícil fazer eles se alimentarem corretamente e principalmente fazer exercícios..tenho minha avo com 75 anos que não gosta de se locomover, esta ficando com os membros inferiores atrofiados e com pouca sensibilidade por causa da ma circulação.

    ResponderExcluir
  3. Olá Vivi e Andreia,
    obrigado pelos comentários e pelas visitas.

    Vivi,em breve estarei postando novas matérias e em algum momento falarei de emagrecimento.

    Andreia, realmente não é uma tarefa fácil convencer uma pessoa que gosta muito de doces por exemplo, de que ela precisa parar de comer de uma hora para outra, ou de que uma pessoa que sempre foi sedentária, precisa se exercitar com uma frequência mínima de 3x/semana. Acho que o importante é pegarmos essas situações que acontecem perto de nós como exemplos para mudarmos os nossos próprios hábitos, e nos informarmos ao máximo para podermos de alguma forma ajudar os outros também.

    Um abraço,
    Marcelo L. Leal

    ResponderExcluir
  4. Muito obrigada pela resposta e estou sempre por aqui!

    ResponderExcluir