“Malhando” e trabalhando melhor
Recentemente, o economista Vasilios D. Kosteas, da Universidade Estadual de Cleveland (EUA), publicou um estudo curioso na revista científica “Journal of Labor Research”. A partir de um questionário respondido por 12 mil pessoas, ele concluiu que profissionais que cumprem uma agenda regular de atividades físicas (ao menos três vezes por semana) ganham salários entre 6% e 9% mais altos que as pessoas sedentárias.
Em sua tese, o professor ainda comentou que muito já foi escrito sobre as causas e os efeitos econômicos da obesidade ou da prática de exercícios, mas pouco se estudou sobre os efeitos dos exercícios no mercado de trabalho. De que forma eles podem impactar a produtividade? E qual a melhor forma de se incorporar as atividades físicas ao dia a dia, considerando a rotina agitada de quem trabalha fora?
Para saber um pouco mais sobre esta relação entre práticas esportivas e desempenho profissional, o Mundo Caixa procurou Marcelo Larciprete Leal, especialista em treinamento individualizado. Marcelo é licenciado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do blog “Exercício Nutrição e Saúde”, onde publica seus artigos.
Mundo Caixa: Como podemos relacionar a produtividade e o bem-estar no trabalho à prática de atividades físicas?
Marcelo Leal: Diariamente, somos bombardeados com inúmeras informações sobre como hábitos saudáveis (prática de atividade física, bons hábitos alimentares e redução dos níveis de estresse) influenciam nossas vidas de uma maneira positiva. Melhora da disposição para as atividades diárias, aumento da densidade óssea no combate à osteoporose, regulação das taxas de açúcar no sangue, e redução da gordura corporal, da pressão arterial e do “mau colesterol” são só alguns dos ganhos oferecidos pela incorporação de exercícios físicos regulares em nossas rotinas.
Neste cenário, o estudo do Prof. Vasilios D. Kosteas traz uma motivacão extra para aqueles que ainda adotam um estilo de vida sedentário. É inegável o impacto positivo do exercício físico sobre a produtividade, também em nossa vida profissional. Porém, acredito que questões financeiras não devam ser o motor principal que nos leva a praticar alguma atividade física. Encontrar uma atividade que nos dê prazer e levar de bônus todos os benefícios descritos acima, dentre vários outros, é uma boa combinação para nos manter motivados e entusiasmados com os ganhos que compõem o nosso bem-estar.
Mundo Caixa: Pode-se dizer que fazer exercícios eleva a nossa função mental?
ML: Certamente! Não somente os exercícios, mas também alguns nutrientes têm influência sobre a função mental. Por exemplo, hoje sabe-se que o ômega-3 (encontrado em peixes como salmão e atum) e a curcumina (presente no açafrão) são capazes de elevar os níveis de moléculas importantes para a transmissão de impulsos nervosos entre os neurônios. Enquanto isso, uma dieta rica em gorduras saturadas causa o efeito contrário.
De maneira similar, já foi comprovado que os exercícios físicos aumentam a capacidade de aprendizado e a memória, combatendo o declínio natural destes fatores, que ocorrem com o envelhecimento. Porém, é o efeito combinado de dieta saudável e exercícios físicos que traz os maiores benefícios à função mental.
Mundo Caixa: Em geral, quando um indivíduo pensa em adiar alguma tarefa diante de solicitações imprevistas, ele tende a cortar primeiro da lista os seus compromissos pessoais, inclusive os relativos à saúde. Mas esta falta de cuidado consigo mesmo pode ter consequências negativas, inclusive no próprio ambiente de trabalho, certo?
ML: O prazo que vai se esgotando para entrega daquele relatório, a reunião marcada em cima da hora, o cansaço que parece insuportável ao final do expediente, tudo se torna uma justificativa aceitável para sacrificarmos o horário reservado para cuidar de nossa saúde e bem-estar. Obviamente, este tipo de atitude, de maneira repetitiva, reduzirá drasticamente a quantidade de atividade física que acumulamos em nossas semanas, e isto poderá acarretar problemas de saúde que poderiam ser plenamente evitados com uma prática regular de exercícios.
Em sua tese, o professor ainda comentou que muito já foi escrito sobre as causas e os efeitos econômicos da obesidade ou da prática de exercícios, mas pouco se estudou sobre os efeitos dos exercícios no mercado de trabalho. De que forma eles podem impactar a produtividade? E qual a melhor forma de se incorporar as atividades físicas ao dia a dia, considerando a rotina agitada de quem trabalha fora?
Para saber um pouco mais sobre esta relação entre práticas esportivas e desempenho profissional, o Mundo Caixa procurou Marcelo Larciprete Leal, especialista em treinamento individualizado. Marcelo é licenciado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do blog “Exercício Nutrição e Saúde”, onde publica seus artigos.
Mundo Caixa: Como podemos relacionar a produtividade e o bem-estar no trabalho à prática de atividades físicas?
Marcelo Leal: Diariamente, somos bombardeados com inúmeras informações sobre como hábitos saudáveis (prática de atividade física, bons hábitos alimentares e redução dos níveis de estresse) influenciam nossas vidas de uma maneira positiva. Melhora da disposição para as atividades diárias, aumento da densidade óssea no combate à osteoporose, regulação das taxas de açúcar no sangue, e redução da gordura corporal, da pressão arterial e do “mau colesterol” são só alguns dos ganhos oferecidos pela incorporação de exercícios físicos regulares em nossas rotinas.
Neste cenário, o estudo do Prof. Vasilios D. Kosteas traz uma motivacão extra para aqueles que ainda adotam um estilo de vida sedentário. É inegável o impacto positivo do exercício físico sobre a produtividade, também em nossa vida profissional. Porém, acredito que questões financeiras não devam ser o motor principal que nos leva a praticar alguma atividade física. Encontrar uma atividade que nos dê prazer e levar de bônus todos os benefícios descritos acima, dentre vários outros, é uma boa combinação para nos manter motivados e entusiasmados com os ganhos que compõem o nosso bem-estar.
Mundo Caixa: Pode-se dizer que fazer exercícios eleva a nossa função mental?
ML: Certamente! Não somente os exercícios, mas também alguns nutrientes têm influência sobre a função mental. Por exemplo, hoje sabe-se que o ômega-3 (encontrado em peixes como salmão e atum) e a curcumina (presente no açafrão) são capazes de elevar os níveis de moléculas importantes para a transmissão de impulsos nervosos entre os neurônios. Enquanto isso, uma dieta rica em gorduras saturadas causa o efeito contrário.
De maneira similar, já foi comprovado que os exercícios físicos aumentam a capacidade de aprendizado e a memória, combatendo o declínio natural destes fatores, que ocorrem com o envelhecimento. Porém, é o efeito combinado de dieta saudável e exercícios físicos que traz os maiores benefícios à função mental.
Mundo Caixa: Em geral, quando um indivíduo pensa em adiar alguma tarefa diante de solicitações imprevistas, ele tende a cortar primeiro da lista os seus compromissos pessoais, inclusive os relativos à saúde. Mas esta falta de cuidado consigo mesmo pode ter consequências negativas, inclusive no próprio ambiente de trabalho, certo?
ML: O prazo que vai se esgotando para entrega daquele relatório, a reunião marcada em cima da hora, o cansaço que parece insuportável ao final do expediente, tudo se torna uma justificativa aceitável para sacrificarmos o horário reservado para cuidar de nossa saúde e bem-estar. Obviamente, este tipo de atitude, de maneira repetitiva, reduzirá drasticamente a quantidade de atividade física que acumulamos em nossas semanas, e isto poderá acarretar problemas de saúde que poderiam ser plenamente evitados com uma prática regular de exercícios.
Segundo estudo realizado na Alemanha e publicado no Journal of Health Economics pelo Prof. Michael Lechner, além do efeito direto sobre a produtividade individual, o exercício pode servir como um sinalizador, para potenciais empregadores, de que o indivíduo é dedicado e disciplinado. No entanto, não acredito que, em nosso país, a opção de um funcionário por não praticar algum tipo de atividade possa fazer com que este seja mal visto por sua empresa, ainda.
Por outro lado, quando a questão está relacionada à frequência de doenças, acredito que possa, sim, prejudicar a imagem do funcionário, por ter influência direta sobre sua produtividade.
Mundo Caixa: De que maneira fazer exercícios na hora do almoço interfere na produtividade do indivíduo no resto do seu expediente? Há algum esporte não recomendado, nestas circunstâncias?
ML: Usar o horário do almoço para se exercitar é um grande negócio para quem sofre com agendas apertadas, e os benefícios em saúde, bem-estar e produtividade serão os mesmos destacados acima. Para quem não dispõe de um ambiente para a realização de atividades físicas na empresa, o ideal é procurar uma academia, estúdios de pilates, parques ou praças que sejam de fácil e rápido acesso, de preferência onde se possa chegar caminhando.
Não recomendo, porém, que uma pessoa deixe de se alimentar para praticar exercícios. Se o tempo estiver muito curto, reduza o tempo de exercício para um mínimo de 20 minutos/dia, e faça uma refeição saudável posteriormente. Períodos de jejum prolongados fazem nosso corpo liberar hormônios que degradam massa muscular, tornando nosso metabolismo mais lento e nos deixando menos eficientes para a realização de atividades físicas.
Quanto à escolha do tipo de atividade física para este horário, acho que seria pouco produtivo, por exemplo, praticar hóquei no gelo, em um lugar que fica a 15 minutos do local de trabalho. Eu levaria 15 minutos para chegar ao local, mais uns 10 para vestir a roupa, calçar os patins e me arrumar para começar a praticar, e mais 15 para retornar ao trabalho. Ou seja, seriam 45 minutos de preparação e deslocamento e apenas 15 jogando. Neste contexto, ainda não restaria tempo para fazer uma refeição que garantisse um bom rendimento no restante do expediente. Este é apenas um exemplo extremo para exemplificar a importância de organizar as tarefas dentro do tempo disponível. Com certeza, o equilíbrio é a chave para alcançar o melhor resultado.
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